O homem, ser social, traz em si uma força primitiva que vem do mais remoto passado, levando-o a agrupar-se, para desse modo defender os seus interesses e os interesses do seu grupo. Assim, na esfera profissional nascem as associações de classe - as entidades corporativas - filhas da necessidade de formar grupos. Não podia ser diferente com os Fisioterapeutas, cuja história revela que os grupos associativos surgiram muito antes da regulamentação do exercício profissional. Entre as primordiais associações da categoria encontram-se a Associação Paulista de Fisioterapeutas (APF), a Associação dos Fisioterapeutas do Rio de Janeiro (AFERJ) e a Associação Pernambucana de Fisioterapeutas (APERFISIO), hoje denominada Associação Pernambucana de Fisioterapia, o que a torna mais abrangente como órgão classista. Saliente-se que a Associação Paulista de Fisioterapeutas foi o embrião da Associação Brasileira de Fisioterapeutas (ABF). Nos primeiros vinte e cinco anos de existência da ABF ocorreram consideráveis movimentos, aglutinando a classe em torno do ideal corporativo. Tais movimentos, conduzidos por um restrito grupo de abnegados profissionais resultaram na promulgação do Decreto-Lei Nº 938/69 e da Lei Nº 6.316/75, diplomas legais que constituem, hoje, o regime jurídico ao qual está submetido o Fisioterapeuta, permitindo assim ao povo brasileiro contar com profissionais habilitados, banidos a incompetência e o charlatanismo. Em um quarto de século a ABF acumulou uma extensa bagagem de exitosas realizações, o que não impediu posteriormente a eclosão de uma grave crise institucional, cujo desdobramento provocou a sua desativação. Todavia, não se pode negar, por dever de justiça, o papel relevante da ABF e das pioneiras associações estaduais, nos tempos difíceis dos feitos heroicos da gênese da Fisioterapia brasileira.
O site oficial do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional - COFFITO, publicou nota sobre a Resolução Normativa Nº 211 da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), dando conta do aumento de sessões para a Terapia Ocupacional. Veja abaixo a transcrição do texto que é do interesse público:
ANS dobra o número de sessões para a Terapia Ocupacional
Na próxima segunda-feira, 7 de junho, entram em vigor novas regras pra os planos de saúde, estabelecidas pela Resolução Normativa nº 211 da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). As operadoras serão obrigadas a incluir na cobertura básica 70 novos procedimentos e ampliar o limite de consultas em algumas especialidades. A medida afeta os pacientes da Terapia Ocupacional, que tiveram dobrado de seis para 12 o número de sessões. A Fisioterapia permanece com o número de consultas ilimitados.
O presidente do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Coffito), Roberto Cepeda, considera a notícia um avanço, mas afirma que este número é insuficiente para uma assistência de qualidade. O presidente declara, ainda, que continuará os trabalhos, junto à ANS, para que a Terapia Ocupacional atinja o mesmo patamar do número de consultas da Fisioterapia.
Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), as novas regras não terão grande peso nos custos, mas essa elevação pode ser repassada, principalmente, no caso dos contratos de grupos. A nova listagem beneficiará 44 milhões de usuário de planos. Os serviços deverão constar em todos os planos de saúde contratados a partir de 1999.
As operadoras prometem cumprir a medida, mas afirmam que o aumento nos custos será alto. Para a ANS, as novas regras não vão impactar na mensalidade. Semana que vem, o órgão tem reunião para tratar do reajuste dos contratos individuais. Para contratos de grupos, vale a livre negociação.
A Fisioterapia pernambucana perdeu no dia 3 deste mês um profissional de destaque na área do ensino superior, Jader Carneiro Junior, de 36 anos, foi vítima de acidente no quilômetro 346 da BR - 232, na cidade de Custódia, que fica a 334 Km da Capital, quando regressava de viagem num ônibus da linha SerraTalhada-Recife.
Professor Jáder estava desenvolvendo um projeto no sertão pernambucano para a implantação de uma faculdade de Fisioterapia. Foi Presidente da Associação Pernambucana de Fisioterapia (APERFISIO) e Coordenador do Curso de Fisioterapia da Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP).
Ao velório compareceram centenas de pessoas que lamentavam o trágico acidente, provocado por um motorista que, de acordo com a polícia, apresentava sinais de embriaguez e dirigia uma carreta no sentido contrário ao do ônibus, causando a colisão dos veículos. Entre os presentes ao ato de despedida estavam familiares, amigos, ex-alunos, professores das diversas instituições de ensino superior do estado, Fisioterapeutas, dirigentes e representantes dos órgãos de classe.
A história de um homem somente está concluída com a sua morte, que é o fechamento de um cíclo. Nesse ponto ele entra para a história; no caso do Professor Jáder, para a história da Fisioterapia, como liderança da categoria quando ocupou a presidência da APERFISIO e pela sua atuação na área educacional como professor e coordenador de curso, em uma das mais importantes universidades do estado. O seu último trabalho na área educacional visava a implantação de uma nova faculdade, dessa vez no interior, mais precisamente no sertão pernambucano. Uma vida dedicada ao engrandecimento da profissão que escolheu e que soube honrar.
O Coffito, tendo em vista a publicação oficial da Resolução 201/2010, do Conselho Federal de Educação Física (Confef), esclarece que todo Fisioterapeuta tem o direito de utilizar o método Pilates com a finalidade fisioterapêutica, ou seja, para os fins de tratamento e prevenção de disfunções, conforme autoriza a legislação que trata da matéria. A prática pode ser realizada em qualquer local, como clínicas, academias, hospitais, dentre outros.
A Resolução do Confef, que dispõe sobre o Pilates como modalidade e método de ginástica, em seu artigo 4º, prevê que “Caberá à pessoa jurídica prestadora de serviços na área de atividades físicas, desporto e similares que oferecer o Pilates em seu elenco de serviços, garantir que sua prática seja orientada e dinamizada por Profissionais de Educação Física”. A medida não trará qualquer dano ao exercício profissional do Fisioterapeuta, uma vez que a Cinesioterapia, que fundamenta o método Pilates, faz parte do currículo base da graduação em Fisioterapia. Assim, o Coffito destaca que os profissionais de Fisioterapia têm plena autonomia para utilizar o método Pilates na prevenção e no tratamento de disfunções.
O Coffito entende que o método Pilates é um dos muitos recursos cinésio-mecano-terápicos à disposição do fisioterapeuta, com vistas à promoção, prevenção e recuperação da saúde. O Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional entende que a prática clínica do Pilates exige um domínio técnico e científico acerca do método, por meio de aprimoramento profissional específico.
O profissional que, porventura, venha a se sentir prejudicado em seu exercício profissional por qualquer Conselho de Fiscalização, alheio ao sistema COFFITO/CREFITOS, deve, imediatamente, comunicar a atuação indevida ao CREFITO de sua circunscrição para a adoção das medidas pertinentes.
Transcrito do site do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional COFFITO http://www.coffito.org.br/
O Blog 14- F apoia e participa da Campanha do Ministério da Saúde contra o consumo do Crack, entendendo que a ÉTICA e a RESPONSABILIDADE SOCIAL como pressupostos da cidadania, obrigam a categoria profissional dos Fisioterapeutas a empenhar-se nessa luta que é de todos, sem distinção de cor, raça, gênero, profissão, religião ou opção político partidária.
Fonte da Ilustração: Reprodução de cartaz do Ministério da Saúde. Arquivo do Blog.
Na Grécia antiga encontramos contribuições para o estudo da Anatomia Humana, principiando com Pitágoras até Diógenes. Hipócrátes e seus discípulos acrescentam conhecimentos por meio de observações ocasionais. Por sua vez, Aristóteles dedica parte dos seus estudos aos animais, possibilitando o começo, com critérios científicos, de uma Anatomia Comparada. Galeno propõe uma Filosofia da Natureza e escreve "Sobre o método terapêutico". Sua influência no Ocidente durou em torno de 1400 anos, tendo como contribuição para o estudo da Anatomia nomes de alguns ossos e a exata descrição dos Músculos Interósseos e do Poplíteo, entre outros estudos e trabalhos.
O progresso da Anatomia foi por muito tempo, impedido pela Igreja Católica. Somente com o Papa Sisto IV (século XV) houve autorização para a dissecção de cadáveres nos institutos universitários. Com Clemente VII houve expressa permissão para o estudo e a prática da Anatomia, com fins de ensino, utilizando-se seres humanos. Era então, o início do Renascimento. O estudo da Anatomia, a partir daí livremente evoluiu.
Essa viagem, partindo da Grécia Clássica (600 - 400 a.C.), percorre o tempo e chega aos primórdios dos anos 60 do século XX. Na Cidade do Recife em frente à Praça do Derby, encontra-se o prédio da antiga Faculdade de Medicina, hoje Memorial da Medicina. Na rua lateral, o acesso ao Anfiteatro de Anatomia. Nesse Anfiteatro, estudantes acomodados em seus lugares, com sofreguidão aguardam o começo da aula. Olham todos para a mesa de aço inoxidável, ocupada por um esqueleto esbraquiçado; ao lado do esqueleto há uma caixa alta, de madeira, sem verniz ou pintura, cheia de ossos, que aos poucos o professor arremessa, com precisão, num funcionamento sem falhas; finalmente, todos estudantes são contemplados. O objetivo? Aprender! Aprender, por exemplo que, as vértebras cervicais são todas do mesmo tipo, excetuando-se Atlas e Axis, diferentes entre si e também das outras vértebras. Tendo Axis uma apófise odontóide, conhecida como "Dente de Axis", a qual serve de pivô para a articulação atlóido-axodiana. Aprendizado pelo método direto, ou seja, pelo contato manual com a peça anatômica, para "sentir" concavidades, protuberâncias, facetas articulares e orifícios. No caso de Axis, por um orifício passa e sobe a Artéria Vertebral. Para Telésio (1509 - 1588) o conhecimento humano é essencialmente um sentir. A consciência é uma sensação. Todos concordam?
Outra aula: - Na mesa fria o cadáver, indiferente aos que o circundam. Um forte odor de Formol deixa o ar impregnado, causando uma leve sensação de náusea. Os alunos, de jaleco branco, luvas de látex, munidos de pinça e bisturí, ouvem do professor uma preleção sobre o profundo respeito devido ao cadáver; brincadeiras ou risos são inadmissíveis. Inicia-se a retirada da pele...
Tudo isso, poder-se-ia indagar, é recordação? Sim! Do início do Curso de Fisioterapia, dos tempos idos. Que já não voltam mais. Diria o poeta.
Os meios de comunicação divulgam que o Brasil possui a maior reserva mundial de águas subterrâneas do planeta, localizada na Região Norte, sob os estados do Pará, do Amazonas e do Amapá; com capacidade estimada para abastecer o mundo por 300 anos.Poder-se-ia indagar porque puxar os Fisioterapeutas para essa descoberta. Muito simples; pela inclusão/participação da categoria no debate sobre o assunto, como exercicio da cidadania e da responsabilidade social que não se restringe à praxis terapêutica, ou, por outro lado, pela mitológica e ancestral ligação do Fisioterapeuta com o uso da água em aplicações externas, a Hidroterapia, praticada nos templos dedicados a Asclépio (Esculápio).A discussão é livre. Participem !
Telegrama da Associação Brasileira de Fisioterapeutas - ABF, datado de 15 de agosto de 1968.
Telegrama do Deputado Federal da bancada de Pernambuco João Roma, datado de 23 de agosto de 1968.
Para Aristóteles o tempo é presente, passado, futuro, anterioridade e posteridade. O ano de 1968 está no tempo, distante de hoje, pela passagem do calendário em 42 anos.
Naquele ano de 1968 o mundo estremecia com as barricadas dos estudantes em Paris, o assassinato de Martin Luther king e a Passeata dos Cem Mil pelo fim da ditadura no Brasil.
Foi um ano realmente atípico, quando o então Teólogo Joseph Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, predizia que, "Para a Igreja viriam tempos muito dificeis"; a Revista TIME elegia " Homens do Ano" os cosmonautas da APOLO-8 Frank Borman, James Lovell e William Anders, e, o pernambucano Clube Náutico Capibaribe torna-se Hexacampeão após vencer o Sport Club do Recife numa "Melhor de três".
Para a Fisioterapia, um ano de intensa luta política pelo reconhecimento profissional que mobilizou todas as lideranças da classe.
Falar ou escrever sobre responsabilidade social conduz a mente ao que tanto se alardeia nos meios de comunicação, relacionados à empresas ultimamente voltadas para ações favorecedoras do meio ambiente ou que interessem à sociedade. A estrutura midiático-mercadológica financiada com recursos da indústria, do comércio e da área prestadora de serviços, bombardeia o público com mensagens explícitas de empresas cuja aparente preocupação maior é o bem-estar social, e de que elas não visam unicamente o lucro por meio da cooptação de consumidores para seus produtos e serviços. Isso que foi dito traduz-se como política compensatória, pela incapacidade de impedir os malefícios causados pelo capitalismo. Mas isso não é tudo – pior, muito pior – o capitalismo atua por meio da sua mais importante instituição a Corporação, cujo imenso poder é capaz de transformar a história e levar o planeta à destruição.
As raízes dessa política estão noWelfare State que instituiu a partir da Segunda Guerra Mundial, um modelo de práticas reparadoras de danos cujo motor principal seria o Estado como garantidor da universalidade de direitos, bens e serviços.
Em suma, um Estado meramente assistencial que, ao longo dos anos 80 mostrou-se incompetente para se contrapor aos efeitos nefastos do capitalismo sobreas camadas menos favorecidas da população. A partir de então as empresas passaram a ser vistas, paradoxalmente, como a salvaguarda da manutenção do emprego, com o setor privado sobrepujando-se ao estatal. Não só a questão social; como também as possíveis soluções para os problemas ambientais, vieram a constituir o lema das Corporações, com um discurso forte, porém não tão eficaz na prática, principalmente quanto as questões ambientais que atingem escala planetária na atualidade.
O exame preliminar do discurso da responsabilidade social das empresas parte do pressuposto da existência de não incluídos no processo para, em seguida afirmarmos que ter responsabilidade social também é imperativo – no bom sentido – para o sujeito, aqui entendido como o entende a filosofia, ou seja, o ser individual, que se considera como tendo qualidades, e, nesse caso específico, o sujeito investido de uma profissão, o Fisioterapeuta.
Diametralmente oposta à responsabilidadesocial das empresas (cujo ideário, hoje, é impulsionado por estratégias de marketing), a responsabilidade social do Fisioterapeuta está centrada na ética do humano e naquilo que era o viver e o fazer cotidiano dos Terapeutas do Deserto, tão bem descritos por Jean-Yves Leloup no livro Cuidar do Ser, cuja figura central é Fílon de Alexandria, que ensinava “a aprender a ver com clareza”.
É do conhecimento geral, mas não custa acrescentar: no exercício da profissão, cabe ao Fisioterapeuta, segundo preceito legal, privativamente executar métodos e técnicas terapêuticas, compreendendo-se que, “métodos formam um conjunto sistemático de procedimentos orientados para os fins de produção ou aplicação de conhecimentos, e que técnicas são todas as atividades específicas apropriadas aos princípios gerais delineados na metodologia”. Dentro desses princípios legítimos, o Fisioterapeuta procede “a avaliação físico-funcional, estabelece a prescrição fisioterapêutica, a programação do tratamento e o uso dos recursos do arsenal terapêutico à sua disposição, bem como reavalia periodicamente a programação prescrita e, no momento em que a máxima funcionalidade corporal, compatível com o quadro clínico apresentado, é atingida, estabelece a alta do paciente”.
Sendo o homem objeto da ação do Fisioterapeuta desde a concepção até a morte, ressalta em importância a responsabilidade social aos seus cuidados, responsabilidade esta, que vai da atenção com os recém-nascidos de alto risco – onde ela é incondicional, não havendo de modo algum reciprocidade ou neutralidade ética possível, cujo compromisso maior é com a manutenção da vida e com a qualidade de vida futura – passando pelo atendimento às vítimas do trânsito, aos acidentados do trabalho e às pessoas idosas as suas fragilidades e carências, e de outros indivíduos vítimas de doenças metabólicas e cardiovasculares.
Assim, como reiteradas vezes afirmamos ao termos oportunidade de tornar explícito, é missão do Fisioterapeuta a responsabilidade de devolver ao convívio social e à força de trabalho grande parcela da população, contribuindo desse modo para o fortalecimento da economia do País, reduzindo custos previdenciários e liberando mais rapidamente as pessoas dos leitos de enfermo.
Contribuição maior, que não é contabilizada em termos de custos financeiros ou operacionais, é a responsabilidade social e primordialmente ética de diminuir o sofrimento humano.
Texto publicado originalmente no livro Herdeiros de Esculápio – História e organização profissional da Fisioterapia. Edição do autor – Recife 2009