ORGANIZAÇÃO DA CLASSE PROFISSIONAL DOS FISIOTERAPEUTAS NO
BRASIL
Os Fisioterapeutas contemporâneos,
não incluídos nesse rol os indiferentes que se ocupam unicamente de si mesmos,
demonstram uma certa inquietação quanto a questão classista. No cotidiano
desses profissionais um quesito pede resposta. Qual motivo impede que os
Fisioterapeutas sintam-se em seus anseios e aspirações realmente representados
pelos órgãos de classe? Esse questionamento dirige-se a todas as entidades da
categoria, sem excluir nenhuma, sejam elas as associações no sentido geral, as
sociedades científicas e os sindicatos.
Os profissionais, principalmente os mais novos, em sua maioria,
desconhecem a história e o papel desempenhados por essas instituições. Não
sabem o que elas significam, nem de que modo influenciam nas suas vidas e no
exercício de suas funções. Não sabem por falta de informação. Por falha na
comunicação.
Estamos, pois, diante de uma grande
questão não resolvida que é essa dificuldade na comunicação institucional. Isso
constitui um problema a solucionar, cujo meio de superar percorre uma via de
dois sentidos, sem a preocupação de apontar culpados e sim de buscar caminhos.
Daí manifestar-se imperativa a necessidade de conhecer o funcionamento de tais entidades,
a partir do contexto e da conjuntura político-social em que elas foram surgindo
e consequentemente como evoluíram.
Um artigo publicado originalmente na
Revista ABF em 1986, serviu como fonte primária para a elaboração do que agora
está sendo colocado de forma mais abrangente, na pretensão de contribuir de
alguma forma com o fluxo da informação que por certo percorrerá a já citada via
de dois sentidos, oferecendo como conteúdo uma coleção de fatos e de dados,
para processamento. Inclusive pelo fato de que tal artigo foi adotado na gestão
do presidente Carlos Alberto Esteu Tribuzy, do CREFITO-2, como orientação aos
profissionais inscritos naquela jurisdição.
OS GRUPOS
ASSOCIATIVOS GERAIS
A Constituição Federal de 18 de
setembro de 1946 estabeleceu: " É garantido o direito de associação para fins
lícitos.” A Constituição de 24 de janeiro de 1967, com a redação dada ela
Emenda Constitucional nº 1, de 17 de outubro de 1969, por meio do parágrafo 23,
do artigo 153, bem como a Constituição de 5 de outubro de 1988 – Constituição
Cidadã de Ulisses Guimarães – garantiram: “É livre a associação profissional ou
sindical.”
Tomando em consideração a norma
constitucional, a Fisioterapia teve suas associações de sentido geral e as
associações cientifico-culturais instaladas nos Estados e no Distrito Federal.
Nesse rol incluem-se a Associação Brasileira de Fisioterapeutas – ABF e as
associações estaduais, estando entre as primeiras a Associação Paulista de
Fisioterapeutas – APF, a Associação dos Fisioterapeutas do Estado do Rio de
Janeiro – AFERJ e a Associação Pernambucana de Fisioterapeutas – APERFISIO.
Foram elas, até bem pouco tempo filiadas à ABF e consequentemente à uma
organização internacional, a World Confederation For Physical Therapy – WCPT. Do
mesmo modo, ou seja, dentro dos preceitos legais fundaram-se as sociedades de
especialistas e os sindicatos, organizados em bases territoriais e ligados a
uma Federação e a uma Confederação. Dos sindicatos e das formas superiores do
sindicalismo, trataremos em separado, pelo fato de que grupos associativos
gerais, associações científicas ou culturais, diferem dos organismos sindicais
quanto aos objetivos a alcançar.
Nos primeiros vinte e cinco anos de
existência da Associação Brasileira de Fisioterapeutas ocorreram consideráveis
movimentos de aglutinação da classe, conduzidas por um pequeno, porém atuante
grupo de abnegados profissionais, surgiram o Decreto-Lei Nº 938/69 e a Lei Nº
6.316/75; que constituem, hoje, o regime jurídico a que está submetido o Fisioterapeuta,
permitindo assim ao povo brasileiro contar com profissionais habilitados,
banidos a incompetência e o charlatanismo.
Sob o patrocínio da ABF e numa
promoção das associações estaduais filiadas, vários congressos brasileiros da
especialidade aconteceram, ao lado de
eventos científico-culturais como jornadas e seminários. Mesmo com essa bagagem
de realização acumuladas em um quarto de século, uma grave crise interna afetou
a entidade nacional, desativando-a.
A crise institucional da ABF não abalou
em profundidade as associações estaduais, cuja vinculação com a organização
nacional efetivava-se pela via da simples filiação, sem dependência financeira
ou para tomada de decisões locais. Todavia, não se pode negar o papel da ABF
como célula mãe, nem das pioneiras entidades de classe, como a Associação
Paulista de Fisioterapeutas – APF, a Associação dos Fisioterapeutas do Rio de
Janeiro – AFERJ, a Associação Pernambucana de Fisioterapeutas – APERFISIO e a
Associação dos Fisioterapeutas de Brasília – AFIBRA, dos tempos difíceis e
heróicos da gênese da Fisioterapia no País. Tanto que, o reconhecimento do
trabalho desenvolvido pelas associações, deu-se através do chamamento dos seus
mais destacados dirigentes para a composição dos cargos no Conselho Federal e
nos Regionais. Isso, de certa forma tomou espaço dessas entidades na luta pelos
interesses da categoria. Um ponto importante a destacar nesse momento é que a
missão dos Conselhos não abrange todos os aspectos da representatividade da
categoria na sociedade. A sua missão é pré-definida na lei, não podendo
afastar-se muito da condição de repartição pública cartorial e de tribunal de
ética, por mais criativos que sejam seus dirigentes.
Na composição dos grupos
associativos gerais incluem-se também as cooperativas, subordinadas a
legislação específica e que se formam a partir do interesse dos profissionais
na ocupação do mercado de trabalho; fugindo, no bom sentido, da relação
patrão/empregado. Na cooperativa, o associado é dono do seu negócio e o paciente/usuário
é atendido por esse dono.
AS SOCIEDADES
CIENTÍFICAS
Além dos componentes da organização
da classe já citados fazem parte do conjunto, as denominadas sociedades
científicas específicas. Essas sociedades surgiram da necessidade de reunir
estudiosos de uma mesma área de interesse, como é o caso dos que se dedicam a
Fisioterapia Respiratória, ou Fisioterapia Pneumo-funcional como foi entendida
pelo COFFITO. Desse meio científico saiu a ASSOBRAFIR, que somente para
exemplificar realizou em 2008 no Recife, o 14º Simpósio Internacional de
Fisioterapia Respiratória, demonstrando assim o estágio de desenvolvimento
científico dos seus membros, pois, a ASSOBRAFIR foi a primeira sociedade de
especialistas da Fisioterapia a ser fundada no País. Citamos ainda, entre
outras, como entidades associativas científicas a ABENFISIO e a SONAFE. A
primeira congregando os docentes de Fisioterapia em órgão nacional e a segunda,
também nacionalmente, os especialistas em Fisioterapia Esportiva.
(Continua na próxima postagem)
Publicado
originariamente no Livro Herdeiros de Esculápio – História e organização
profissional da Fisioterapia. (Edição do Autor – Recife/2009.)
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