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terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Tempo e Utopia


                                                     
    A Fisioterapia surgiu no tempo quando o homem primitivo, ao sofrer algum trauma, utilizou as mãos para massagear o local afetado buscando aliviar a dor que sentia; ou, se expôs aos raios solares e usou a água do mar, dos rios, quem sabe, dos lagos, para imersão dos membros ou do próprio corpo. Essa atitude do homem nos primórdios de sua existência na Terra permitiu o aproveitamento dos recursos físicos naturais como meio de tratamento e promoção à saúde, chegando assim aos dias atuais.

    Para Aristóteles (384-322 a.C) o tempo é: “ Presente, passado, futuro, anterioridade e posteridade”. Fixar/demarcar, portanto, uma ideia  no tempo, principalmente em período tão longínquo é um exercício especulativo; no caso, um exercício teórico de investigação baseado na Mitologia. Na cultura ocidental a tradição atribui a Esculápio  - nome latino do deus grego da medicina e da cura – a primeva utilização  e prescrição de meios físicos como processo terapêutico. Mas, o tempo passa e com ele vem o desenvolvimento das ciências, aí incluída a Fisioterapia  cujo modelo atual contempla ciência aplicada, processo terapêutico e profissão; transpondo fases intuitivas empíricas.

    No Brasil a publicação do livro do Professor Risomar da Silva Vieira (Institucionalização da Fisioterapia – Editora Universitária da UFPB. João Pessoa, 2012) trouxe registros da utilização de agentes físicos pelos primeiros habitantes do País, como tratamento, “antes mesmo da colonização portuguesa” (61/62). A evolução da Fisioterapia brasileira no quesito atividade profissional tem seu marco inicial com a fundação dos cursos, nos anos 1950 em São Paulo e Rio de Janeiro e nos anos 1960 no Recife. Muito já se escreveu e falou sobre a criação dos órgãos representativos da categoria, sendo cansativo e desnecessário, agora, repetir tais fatos históricos; cabe, entretanto, lembrar que no ano de 2012 duas expressivas lideranças, fundadoras do Sistema Autárquico Federal  COFFITO/CREFITOs deixaram a Fisioterapia enlutada. Partiram Ruy Gallart e Sonia Gusman, dois sonhadores, no melhor sentido da palavra, se entendermos que o ser humano não é somente produto do meio em que vive; ele determina os seus atos e direciona seu comportamento, “e é desse comportamento que resultam afinal os fatos sociais” (Caio Prado Jr. O que é filosofia. Abril Cultural, São Paulo 1984 – 82/83). O homem é, desse modo, autor dos fatos.

    A Fisioterapia percorreu na linha do tempo caminhos ásperos e tortuosos, chegando quase a se perder num estéril  debate em torno de significados e  conceitos, reduzidos a meras formulações verbais, como por exemplo, ser denominado “profissional de reabilitação”, ou ter permitido de forma absurda a utilização do prefixo “Ft.” - como uma máscara ou tentativa de fuga da realidade – para designar a categoria profissional pertinente. Por outro lado, conquistou espaço considerável na ciência voltada à recuperação funcional dos seres humanos; mas, sofre ainda a falta de maior reconhecimento social e busca decididamente a autonomia plena para o exercício da profissão, como a procura direta ao Fisioterapeuta, sem intermediação; ou, a obtenção do direito de prescrever medicamentos de forma independente onde for clinicamente apropriado, nos moldes do que foi recentemente aprovado no Reino Unido (Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte).

   O estado ideal; ou, melhor dizendo: o conjunto de condições ideais em que as coisas devem se encontrar, chama-se Utopia. Um plano irrealizável? Um sonho? Foi dos sonhos dos pioneiros Fisioterapeutas brasileiros que surgiram as maiores conquistas da categoria em nossa pátria. A Utopia está na linha do horizonte, para alcançá-la temos que caminhar.


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