"34 - História abscôndita - Todo e qualquer grande homem exerce uma força retroativa: obrigando a reconsiderar a totalidade da história; e mil segredos do passado saem dos seus esconderijos para virem à tona, seguindo para alcançar a luz. Não se pode prever ainda o que virá tornar-se história. O passado talvez continue ainda essencialmente por explorar! Temos necessidade ainda de muitas forças retroativas! "
Friedrich Nietzsche em: A Gaia Ciência
As postagens anteriores situaram o leitor no embate entre forças antagônicas, com enorme desproporção para a categoria profissional dos Fisioterapeutas que naquela época era reduzida em número de formados e contava com poucas entidades de classe, que eram organizadas de forma ainda incipiente, porém com uma extraordinária capacidade de luta. Para concluir a trilogia relativa ao ano que vivemos perigosamente, trazemos à tona pronunciamentos decisivos para a vitória da Fisioterapia.
Do Diário do Congresso Nacional de terça -feira, 03 de agosto de 1971, transcrevemos ipsis litteris o pronunciamento do Senador José Esteves: " Sr. Presidente, quero, hoje, também referir-me a assunto de grande importância e que diz respeito à classe dos Fisioterapeutas. Há um projeto em tramitação e que, segundo estou informado, caminha para o Senado, dispondo sobre o exercício das profissões de Técnico em Fisioterapia e Técnico em Terapia Ocupacional, e dá outras providências.
Se não me engano, esse projeto é de autoria do ex- Deputado Nelson Carneiro; visa modificar a nomenclatura e transformar o Fisioterapeuta em Técnico em Fisioterapia.
O que há de mais grave nessa proposição, Sr. Presidente, é que ela exclui a obrigatoriedade do nível superior. Acho que, ao discutir e ao votar esse projeto, iremos ter cuidado de evitar que se cometa essa injustiça contra a classe que tanto bem faz àqueles que precisam da Fisioterapia.
O Decreto-Lei 938 de 13-10-69, em pleno vigor, já regulamentou essa profissão, e dispensa-se uma lei que, na verdade, prejudica a classe.
Passo à taquigrafia os elementos necessários para que esta Casa tome conhecimento dêles. Estou certo de que na análise que posteriormente faremos, os Srs. Senadores, cônscios de sua responsabilidade, haverão de fazer justiça a essa classe.
Não somos contra, Sr. Presidente, aos Fisioterapeutas práticos,àqueles que têm dedicado a existência tôda a esse labor, a esse tipo de profissão. E o próprio Decreto - Lei citado, o 938, de 13-10-69, já ampara os que vêm desempenhando essa profissão. Queremos é evitar, Sr. Presidente, de agora em diante, que elementos leigos ingressem na classe, em prejuízo daqueles que têm curso superior, o que seria uma verdadeira aberração. Estou convicto de que esta Casa, ao examinar o projeto, por ocasião da sua tramitação, terá o cuidado de não cometer essa gritante injustiça."
Quando o projeto foi posto em votação na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, em 30 de agosto de 1971, o Relator Deputado Élcio Álvares assim se pronunciou: "Colocamo-nos ao lado daqueles que, vítimas das vicissitudes físicas, clamam por elementos hábeis, capacitados e competentes na estrênua batalha da recuperação dos movimentos."
A Comissão in totum acompanhou o voto do Relator, colocando aparentemente um ponto final no assunto. O tal "Fantasma Ameaçador" que permaneceu no tempo, está de volta ao Senado. A Fisioterapia ainda não conseguiu exorcizá-lo. No processo histórico, para isso também chegará o tempo.
Meu amigo Geraldo Barbosa, seu acervo contando a história de nossa fisioterapia é bem rico e vasto, parabéns meu caro, show de bola a sua idéia de reviver a história da fisioterapia.Abraços.
ResponderExcluirWagner Menezes
Caro Wagner,
ResponderExcluirespero que a história da Fisioterapia seja suficiente para explicar a natureza e o valor
dessa tríplice combinação:Ciência,Processo terapêutico e Profissão.
Obrigado pela participação no Blog e pelo incentivo.
Um grande abraço,
Geraldo Barbosa
Olá Geraldo, meu nome é Silva Neto, estimo-me muito de poder dizer que sou seu colega de profissão e saber que tal profissão, tão jovem e tão antiga, vem vencendo, no desenrolar de sua história, desafios tão grandes. Sou solidário à construção de uma nova consciência profissional, paltada na politização, criticidade e apego à liberdade. Quanto a história, a vejo como um grande esconderijo de verdades e mentiras, portanto vê-la e revê-la é altamente imprescindível à construção de novas histórias. A Fisioterapia e Sua História merecem o respeito que sua pessoa tem dedicado a ambas. Parabéns e muito obrigado.
ResponderExcluirCaro Silva Neto,
ResponderExcluirpara quem escreve num Blog é exremamente gratificante receber comentários. No caso do seu comentário, percebo que as ideias aqui difundidas encontram receptividade e que temos uma linha de pensamento muito próxima.
Obrigado pela participação.
Um abraço,
Geraldo Barbosa