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terça-feira, 4 de junho de 2019

Os primeiros anos da profissão

#50AnosFisioterapia

"A disputa pelo acesso às salas de aula no Pedro II obrigava os alunos de Fisioterapia à espera na sombra de um velho sapotizeiro" 

Os primeiros anos da profissão

“O que existiu primeiro foi o CAOS e depois GAIA (Terra)“
Hesíodo:Teogonia

- Origem

A palavra grega CAOS é a mais aproximada do significado da palavra “Vácuo”, um vazio ou nada no início de tudo. Assim foi com a Fisioterapia no Brasil até os anos 1950, uma Fisioterapia sem Fisioterapeutas. Os anos de 1954 e 1958 marcam respectivamente o início dos Cursos de Fisioterapia no Rio de Janeiro – Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação ABBR e Instituto Nacional de Reabilitação INAR da Universidade de São Paulo USP. No caso específico de Pernambuco, em 1959 surge a proposta de criação do Instituto Universitário de Reabilitação IUR, elaborada pelo Professor Ruy Neves Baptista, Catedrático de Ortopedia. Em pouco tempo o IUR transformou-se em Curso de Reabilitação destinado a formar Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais com a chancela da Universidade Federal de Pernambuco UFPE, a primeira, no âmbito das universidades federais a ministrar esses cursos.


Definido pelo Conselho Federal de Educação, o Currículo Mínimo dos Cursos de Fisioterapia surgiu do Parecer Nº 388, datado de 10 de dezembro de 1963, atendendo a necessidade de padronizar o ensino da Fisioterapia no território nacional, evitando alteração de sentido e desigualdade na formação profissional.


Em 12 de dezembro de 1964 colou grau a primeira turma de Fisioterapeutas do IUR, cujas aulas aconteciam nas dependências do Hospital Pedro II sendo que  as aulas de Anatomia e Fisiologia eram ministradas no Anfiteatro da antiga Faculdade de Medicina situada no Bairro do Derby. A disputa pelo acesso às salas de aula no Pedro II obrigava os alunos de Fisioterapia à espera na sombra de um velho sapotizeiro, até que os alunos de medicina saíssem da sala para então assistirem as aulas do dia.


Dois professores oriundos do Instituto Nacional de Reabilitação da USP, Antônio Rubem Mendes e Agélia Pinheiro Ramos foram os primeiros a ministrar aulas de Fisioterapia em Pernambuco.


- Organização Estudantil


Vejamos, pois, considerando o quanto é difícil expressar-se sobre fatos do passado quando era vigente o regime militar, o caso do Diretório Acadêmico do Curso de Fisioterapia da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE que surgiu com a segunda turma de Fisioterapia frente à necessidade de organizar a representatividade dos alunos no contexto universitário; veio então a representante de turma Jovina Afonso Ferreira Dias e em seguida o Diretório Acadêmico, sendo os membros do D.A. eleitos por aclamação. Presidiu o Diretório o aluno Geraldo José Rodrigues Barbosa num período curto em face da pressão exercida pelo Golpe de 64 contra o movimento estudantil tendo, portanto a Diretoria do D.A. apresentado renúncia coletiva. Não há registro documental desses episódios permanecendo, entretanto, a tradição oral e a invisibilidade histórica. É tempo de trazer de novo à memória a presença de “infiltrados” como estudantes frequentando as aulas.


- Preparando a Organização Profissional


Nesse mesmo ano de 1964 surge a Associação Pernambucana de Fisioterapeutas APERFISIO filiada a Associação Brasileira de Fisioterapeutas ABF tendo como fundador o Fisioterapeuta Antônio Rubem Mendes, enquanto que no Rio de Janeiro realizava-se o I Congresso Brasileiro de Fisioterapia (12 a 14 de dezembro).


- Assistência à Saúde 


Fisioterapeutas e estudantes de Fisioterapia da época prestaram relevantes serviços na assistência a pessoas com sequelas de Poliomielite, utilizando métodos e técnicas fisioterapêuticas originárias dos Estados Unidos e Europa.


- Crise Financeira


Em abril de se 1968, mais precisamente no dia 15, o Professor Ruy Neves Baptista, prevendo dificuldades financeiras para a manutenção dos cursos do IUR ainda anexos a Cátedra de Ortopedia da Faculdade de Medicina, envia ao Reitor da UFPE ofício alertando que: “Os citados cursos sobrevivem exclusivamente à custa das matrículas e inscrições dos alunos que seriam geridos pela Reitoria  e que a continuidade dos mesmos dependem desses recursos”.

Superada a crise a sobrevivência foi garantida.


- A luta pela Regulamentação Profissional


A criação de novos cursos contando com a garantia do Currículo Mínimo definido pelo Ministério da Educação exigiu o engajamento de profissionais e estudantes na luta pela Regulamentação Profissional, tendo a APERFISIO destaque nacional como filiada da ABF, culminando com a apresentação do Projeto de Lei Nº 1265/68 do Deputado Gastone Righi. 


Finalmente, a Regulamentação Profissional veio com o Decreto-Lei Nº 938, de 13 de outubro de 1969 e com a criação do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional em 17 de dezembro de 1975.

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Nota do Editor:
O conteúdo deste texto serviu de base para  apresentação no V Fórum Clínica Escola de Fisioterapia 
Universidade Federal de Pernambuco, em maio de 2019.



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