Herdeiros de Esculápio - (Parte III - final)
Feita esta digressão, e para que se
tenha um melhor entendimento de como a Fisioterapia evoluiu profissionalmente,
saindo da noite dos tempos para a contemporaneidade, transcreve-se aqui trechos
da carta enviada à Dra. Sônia Gusman então presidente do Conselho Federal de
Fisioterapia e Terapia Ocupacional, em 21 de maio de 1980 pela Secretária-geral
da World Confederation for Physical Therapy, a Fisioterapeuta E.M.McKay;
conforme foi publicada no Jornal da Associação Paulista de Fisioterapeutas –
APF, em sua edição de maio/junho de 1980 – Ano 10, página 3, respeitada a
grafia original:
“Muitos fisioterapeutas estão agora trabalhando no cargo da
Prevenção, onde procedem à avaliação sem necessidade de a pessoa sendo tratada
ter antes consultado um médico registrado. Consequentemente o Código de Ética
da Confederação foi alterado na última Assembléia Geral e não inclui mais a
exigência de que fisioterapeutas somente tratem de pacientes encaminhados por
médicos [...]”.
Prossegue
a missivista:
“Como no Brasil, a Inglaterra tem um
Conselho para o registro de fisioterapeutas entre outras. Sua denominação
completa é 'Conselho para as Profissões Suplementares à Medicina’, e cobre não
apenas fisioterapeutas, mas outras profissões, incluindo terapeutas
ocupacionais. A denominação foi estabelecida após muita discussão e
consideração, e é resultado de cuidadosa escolha de palavras para descrever
exatamente o alcance do Conselho. Não é, portanto, por acaso que ela se refere
a profissão e ao fato de elas serem “suplementares”. Tal termo significa algo
que é adicionado para preencher ou completar uma deficiência. Em outras
palavras, estas profissões, incluindo a Fisioterapia, estão suprindo uma deficiência
que a Medicina sozinha não pode suprir”.
E
finaliza:
“Caso seu governo desejar, posso e teria
prazer em fornecer a Sra. ou ao seu Sr. Ministro da Saúde, exemplos e
confirmação adicionais que esta carta só tocou resumidamente[...]”
É lamentável que os brasileiros,
vinte e nove anos depois, não tenham atingindo ainda o patamar em que se
encontravam os ingleses em 1980, muito bem resolvidos e conscientes quanto aos
seus papéis como profissionais de saúde. Resta-nos, portanto, nestes sombrios
primeiros anos do século XXI - “em que o
mundo apresenta novas configurações, necessitando de novos saberes para que se
possa interpretá-los” - reforçar a auto-estima da classe, enfatizando: Os
Fisioterapeutas são herdeiros legítimos do deus Esculápio e beneficiários
diretos do conhecimento científico universalmente acumulado.
No porvir, grande parte envelhecida
da humanidade estará aguardando esse conhecimento acumulado para ser cuidada e
adequadamente tratada.
Fonte: Barbosa,Geraldo. Herdeiros de Esculápio –
História e organização profissional da Fisioterapia. Recife: Edição do Autor, 2009.
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