A
Fisioterapia surgiu no tempo quando o homem primitivo, ao sofrer algum trauma,
utilizou as mãos para massagear o local afetado buscando aliviar a dor que
sentia; ou, se expôs aos raios solares e usou a água do mar, dos rios, quem
sabe, dos lagos, para imersão dos membros ou do próprio corpo. Essa atitude do
homem nos primórdios de sua existência na Terra permitiu o aproveitamento dos
recursos físicos naturais como meio de tratamento e promoção à saúde, chegando
assim aos dias atuais.
Para
Aristóteles (384-322 a.C) o tempo é: “ Presente,
passado, futuro, anterioridade e posteridade”. Fixar/demarcar, portanto, uma
ideia no tempo, principalmente em
período tão longínquo é um exercício especulativo; no caso, um exercício
teórico de investigação baseado na Mitologia. Na cultura ocidental a tradição
atribui a Esculápio - nome latino do
deus grego da medicina e da cura – a primeva utilização e prescrição de meios físicos como processo
terapêutico. Mas, o tempo passa e com ele vem o desenvolvimento das ciências,
aí incluída a Fisioterapia cujo modelo
atual contempla ciência aplicada, processo terapêutico e profissão; transpondo
fases intuitivas empíricas.
No Brasil a
publicação do livro do Professor Risomar da Silva Vieira (Institucionalização
da Fisioterapia – Editora Universitária da UFPB. João Pessoa, 2012) trouxe
registros da utilização de agentes físicos pelos primeiros habitantes do País,
como tratamento, “antes mesmo da colonização portuguesa” (61/62). A evolução da
Fisioterapia brasileira no quesito atividade profissional tem seu marco inicial
com a fundação dos cursos, nos anos 1950 em São Paulo e Rio de Janeiro e nos
anos 1960 no Recife. Muito já se escreveu e falou sobre a criação dos órgãos
representativos da categoria, sendo cansativo e desnecessário, agora, repetir
tais fatos históricos; cabe, entretanto, lembrar que no ano de 2012 duas
expressivas lideranças, fundadoras do Sistema Autárquico Federal COFFITO/CREFITOs deixaram a Fisioterapia
enlutada. Partiram Ruy Gallart e Sonia Gusman, dois sonhadores, no melhor
sentido da palavra, se entendermos que o ser humano não é somente produto do
meio em que vive; ele determina os seus atos e direciona seu comportamento, “e
é desse comportamento que resultam afinal os fatos sociais” (Caio Prado Jr. O
que é filosofia. Abril Cultural, São Paulo 1984 – 82/83). O homem é, desse
modo, autor dos fatos.
A
Fisioterapia percorreu na linha do tempo caminhos ásperos e tortuosos, chegando
quase a se perder num estéril debate em torno de significados e conceitos, reduzidos a meras formulações
verbais, como por exemplo, ser denominado “profissional de reabilitação”, ou
ter permitido de forma absurda a utilização do prefixo “Ft.” - como uma máscara
ou tentativa de fuga da realidade – para designar a categoria profissional
pertinente. Por outro lado, conquistou espaço considerável na ciência voltada à
recuperação funcional dos seres humanos; mas, sofre ainda a falta de maior
reconhecimento social e busca decididamente a autonomia plena para o exercício
da profissão, como a procura direta ao Fisioterapeuta, sem intermediação; ou, a
obtenção do direito de prescrever medicamentos de forma independente onde for
clinicamente apropriado, nos moldes do que foi recentemente aprovado no Reino
Unido (Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte).
O estado
ideal; ou, melhor dizendo: o conjunto de condições ideais em que as coisas
devem se encontrar, chama-se Utopia. Um plano irrealizável? Um sonho? Foi dos
sonhos dos pioneiros Fisioterapeutas brasileiros que surgiram as maiores
conquistas da categoria em nossa pátria. A Utopia está na linha do horizonte,
para alcançá-la temos que caminhar.