#50AnosFisioterapia
"A disputa pelo acesso às salas de aula no Pedro II obrigava os alunos de Fisioterapia à espera na sombra de um velho sapotizeiro"
Os primeiros anos da profissão
“O que existiu primeiro foi o CAOS e depois GAIA (Terra)“
Hesíodo:Teogonia
- Origem
A palavra grega CAOS é a mais
aproximada do significado da palavra “Vácuo”, um vazio ou nada no início de
tudo. Assim foi com a Fisioterapia no Brasil até os anos 1950, uma Fisioterapia
sem Fisioterapeutas. Os anos de 1954 e 1958 marcam respectivamente o início dos
Cursos de Fisioterapia no Rio de Janeiro – Associação Brasileira Beneficente de
Reabilitação ABBR e Instituto Nacional de Reabilitação INAR da Universidade de
São Paulo USP. No caso específico de Pernambuco, em 1959 surge a proposta de
criação do Instituto Universitário de Reabilitação IUR, elaborada pelo
Professor Ruy Neves Baptista, Catedrático de Ortopedia. Em pouco tempo o IUR
transformou-se em Curso de Reabilitação destinado a formar Fisioterapeutas e
Terapeutas Ocupacionais com a chancela da Universidade Federal de Pernambuco
UFPE, a primeira, no âmbito das universidades federais a ministrar esses
cursos.
Definido pelo Conselho Federal de
Educação, o Currículo Mínimo dos Cursos de Fisioterapia surgiu do Parecer Nº
388, datado de 10 de dezembro de 1963, atendendo a necessidade de padronizar o
ensino da Fisioterapia no território nacional, evitando alteração de sentido e
desigualdade na formação profissional.
Em 12 de dezembro de 1964 colou
grau a primeira turma de Fisioterapeutas do IUR, cujas aulas aconteciam nas dependências
do Hospital Pedro II sendo que as aulas
de Anatomia e Fisiologia eram ministradas no Anfiteatro da antiga Faculdade de
Medicina situada no Bairro do Derby. A disputa pelo acesso às salas de aula no
Pedro II obrigava os alunos de Fisioterapia à espera na sombra de um velho
sapotizeiro, até que os alunos de medicina saíssem da sala para então
assistirem as aulas do dia.
Dois professores oriundos do
Instituto Nacional de Reabilitação da USP, Antônio Rubem Mendes e Agélia
Pinheiro Ramos foram os primeiros a ministrar aulas de Fisioterapia em
Pernambuco.
- Organização Estudantil
Vejamos, pois, considerando o quanto é difícil expressar-se
sobre fatos do passado quando era vigente o regime militar, o caso do Diretório
Acadêmico do Curso de Fisioterapia da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE
que surgiu com a segunda turma de Fisioterapia frente à necessidade de
organizar a representatividade dos alunos no contexto universitário; veio então
a representante de turma Jovina Afonso Ferreira Dias e em seguida o Diretório
Acadêmico, sendo os membros do D.A. eleitos por aclamação. Presidiu o Diretório
o aluno Geraldo José Rodrigues Barbosa num período curto em face da pressão
exercida pelo Golpe de 64 contra o movimento estudantil tendo, portanto a
Diretoria do D.A. apresentado renúncia coletiva. Não há registro documental
desses episódios permanecendo, entretanto, a tradição oral e a invisibilidade
histórica. É tempo de trazer de novo à memória a presença de “infiltrados” como estudantes
frequentando as aulas.
- Preparando a Organização Profissional
Nesse mesmo ano de 1964 surge a
Associação Pernambucana de Fisioterapeutas APERFISIO filiada a Associação
Brasileira de Fisioterapeutas ABF tendo como fundador o Fisioterapeuta Antônio
Rubem Mendes, enquanto que no Rio de Janeiro realizava-se o I Congresso
Brasileiro de Fisioterapia (12 a 14 de dezembro).
- Assistência à Saúde
Fisioterapeutas e estudantes de
Fisioterapia da época prestaram relevantes serviços na assistência a pessoas
com sequelas de Poliomielite, utilizando métodos e técnicas fisioterapêuticas
originárias dos Estados Unidos e Europa.
- Crise Financeira
Em abril de se 1968, mais
precisamente no dia 15, o Professor Ruy Neves Baptista, prevendo dificuldades
financeiras para a manutenção dos cursos do IUR ainda anexos a Cátedra de
Ortopedia da Faculdade de Medicina, envia ao Reitor da UFPE ofício alertando
que: “Os citados cursos sobrevivem
exclusivamente à custa das matrículas e inscrições dos alunos que seriam
geridos pela Reitoria e que a
continuidade dos mesmos dependem desses recursos”.
Superada a crise a sobrevivência
foi garantida.
- A luta pela Regulamentação Profissional
A criação de novos cursos
contando com a garantia do Currículo Mínimo definido pelo Ministério da
Educação exigiu o engajamento de profissionais e estudantes na luta pela
Regulamentação Profissional, tendo a APERFISIO destaque nacional como filiada da ABF, culminando com a
apresentação do Projeto de Lei Nº 1265/68 do Deputado Gastone Righi.
Finalmente,
a Regulamentação Profissional veio com o Decreto-Lei Nº 938, de 13 de outubro
de 1969 e com a criação do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia
Ocupacional em 17 de dezembro de 1975.
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Nota do Editor:
O
conteúdo deste texto serviu de base para apresentação no V Fórum Clínica Escola de Fisioterapia
Universidade Federal de Pernambuco, em maio de 2019.
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