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segunda-feira, 16 de julho de 2018

Fisioterapia a melhor opção para o tratamento das dores musculoesqueléticas crônicas


Dor crônica, drogas e dependência


Segundo informa o Relatório anual do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) 2016: o mundo acumula 183 milhões de consumidores de Maconha, 50 milhões de consumidores de Opióides, 36 milhões de consumidores de Anfetaminas e 18 milhões de consumidores de Cocaína.

 O uso de Opióides para o controle da dor crônica (Medicamentos derivados do Ópio, substância extraída da Papoula, de ação analgésica, narcótica e hipnótica; usada na produção de Morfina e Heroína) é mais evidente nos Estados Unidos da América onde as overdoses triplicaram entre 1999 e 2015, passando de 16.849 para  52.404, aumentando em 11% no ano passado.

 O Brasil tem a menor taxa de prescrição medicamentosa de Opióides em relação a outros países como os Estados Unidos e a Austrália, por exemplo.  Consequentemente apresenta menos problemas com dependência e overdoses. O consumo aqui é de 7,8 mg por pessoa por ano; sendo comercializada no País mais de uma dezena de Analgésicos Opióides (Drogas Lícitas), cuja lista é disponibilizada em sites da indústria farmacêutica. Daí a importância de buscar informações disponíveis nos dois países estrangeiros citados, para melhor entendimento do assunto em pauta.


Isso não significa ausência de conhecimento, pesquisas e estudos sobre dor e tratamento adequado no Brasil, apenas constata-se que lá fora a situação chegou a níveis alarmantes, como será visto nos parágrafos seguintes. Feito o esclarecimento, vamos em frente. 

 A dor crônica, conforme o Fisioterapeuta Régis Ferraz, “É uma realidade sem contestação e atinge pessoas jovens e idosas, numa quantidade maior do que se avalia normalmente”. Diz ainda que: “Entende-se por dor crônica aquela que persiste por mais de três meses, afetando os adultos numa proporção de um entre cinco indivíduos, tendo maior incidência nas mulheres ou entre indivíduos com menor nível de escolaridade; no Brasil os dados apontam para 30% da população com queixas ou sofrimento de dor”. (Jornal do Comercio – Social 1 – pag. 10  Recife – 06/08/2017)


Nessa fase de dor é comum a prescrição de analgésicos, e nos casos mais resistentes são prescritos Analgésicos Opióides, que podem causar dependência.

 Não é necessariamente preciso ter formação em saúde para perceber que uma determinada pessoa é dependente de drogas. Muitas ocorrências aparecem nos jornais e na TV, como é o caso de uma mulher que invadiu um hospital em busca de Dolantina, um Analgésico Opióide injetável. Nesses casos a imprensa informa tudo, dispensando conhecimentos nas áreas de saúde mental e de farmacologia.



Dois exemplos de dependência:


A Maldição dos Opióides: Vidas perdidas. Por Tierney Bonine e Brigiid Anderson. ABC NEWS – Australia, julho de 2017.


- “Quando H.F. morreu ela era obesa, movia-se com dificuldade no sofá sentindo extrema dor; ela era tida na adolescência como uma garota feliz, estilo comediante, de acordo com seu Pai.  Aos 17 anos sofreu um acidente de automóvel que a deixou com lesões no quadril, joelhos e pés. Os médicos prescreveram remédios para controlar a dor. Mas, ao longo dos anos a situação piorou; outros médicos prescreveram uma variedade de opióides, remédios para ansiedade e comprimidos para dormir. Ela morreu aos 43 anos. Mais de 50 caixas de remédios prescritos foram encontrados em seu quarto, incluindo analgésicos opióides e um inalador para asma.

Um inquérito sobre a morte de H.F. revelou que ela morreu de toxidade múltipla aguda por drogas. 

Mais tarde, numa pesquisa on-line o Pai descobriu que alguns medicamentos que sua filha tomava causavam dor, devido a uma condição denominada hiperalgia induzida por opióides.


Segundo exemplo:

- “Quando você pensa em drogas, você pensa em drogas ilícitas, Maconha e Cocaína; você não pensa naquelas que você recebeu do seu médico. (Joeleen, 24 anos)”.



Estudo de Referência


O Jornal da Manhã de Sidney (Austrália) de 08/08/2017 divulgou um Estudo de Referência de Longo Prazo, liderado por Cientistas Norte-Americanos e Australianos que demonstra: Opióides não são bons para dor nas costas. 


Pesquisadores advertiram nesse Estudo que a Austrália poderia seguir no mesmo rumo dos Estados Unidos da América, onde morreram mais pessoas por overdoses acidentais no último ano do que durante todo o período da Guerra do Vietnã. Na sequência do Estudo o Dr. James McAuley, Pesquisador de dor da Neuroscience Research Austrália (NeuRA) disse: “Embora o exercício tenha sido recomendado para a maioria das pessoas com dor nas costas, a dor não diminuiu”.


No andamento americano do Estudo o Dr. Steven Asch, da Universidade Stanford chama a atenção para a pesquisa do Dr.Erin Krebs em conjunto com o Sistema de Cuidados de Saúde dos Veteranos de Mineápolis, quando estudaram 240 veteranos que tomaram opióides para dor crônica nas costas e nos joelhos em comparação com aqueles tratados por não opióides. “Os dados não suportam a reputação de opióides como analgésicos poderosos” disse o Dr. Krebs à publicação médica The Back Letter.


O Pesquisador James McAulen adiantou que a pesquisa de Krebs era “importante” e relevante para quase 20% dos australianos com dor lombar que recebem opióides. Perguntado pelo The Back Letter se ele tinha algum conselho para pacientes e médicos, recomendou cuidado. “Agora, sabemos melhor. A melhor evidência argumenta contra o uso de opiácios para pacientes com dor nas costas ou outras dores musculoesqueléticas”.



Escolha um Fisioterapeuta


Uma Campanha recente da Associação dos Fisioterapeutas dos Estados Unidos da América (APTA), divulgada pelo TWITTER da entidade em 12/07/2017, faz uma exigência quanto ao uso de abordagens não opióides, tendo a Fisioterapia como tratamento de primeira linha para a dor crônica. A hashtag #ChoosePT  - Escolha um Fisioterapeuta - abre a Campanha e destina-se a informar a população que a Fisioterapia é uma alternativa efetiva às drogas para o tratamento da dor. Contida no site MoveForwardPT./com/choosePT a Campanha inclui um anúncio de interesse público em vídeo, bem como outros anúncios direcionados ao uso da mídia. Os membros da Associação também podem aprender mais sobre o papel do Fisioterapeuta no gerenciamento da dor.


De tudo que foi relatado, fica evidente o fato de que a Fisioterapia continua sendo a melhor opção para o tratamento das dores musculoesqueléticas crônicas. No Brasil, nos Estados Unidos, na Austrália ou em qualquer lugar do mundo

 #EscolhaUmFisioterapeuta

 #GlobalPT.

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Nota do Editor: 

O conteúdo deste texto serviu de base para  apresentação no Fórum sobre Questões do Envelhecimento - Universidade Católica de Pernambuco em setembro de 2017.

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